18 setembro 2008

História de um náufrago

Imagine-se numa ilha deserta. Você tem que se virar com tudo, já que ninguém pode ajudá-lo. E isso inclui a busca diária por alimentos, construção de um abrigo para suas horas de sono, fazer uma gostosa fogueira para as noites frias, entre outras tarefas de um náufrago.

Já completamente sem esperança, sua sorte começa a mudar. Você observa um avião caindo no outro lado da ilha e, conseguindo salvação através de pára-quedas, três lindas mulheres vagarosamente pousam até você.

Sua vida começa a se tornar uma maravilha. Fica estabelecido um planejamento das atividades e o que competia apenas a você, até então isolado, acabou sendo dividido entre todos. O ambiente se tornou cada vez mais especial e foi inevitável a criação de um “quadrado amoroso”. E todos estavam vivendo felizes, amando e respirando ar puro diariamente.

O tempo passou... Até que um dia um navio cruzava o mar e os tripulantes observaram as pessoas na ilha. O navio ancorou e alguns integrantes da tripulação vieram até vocês com o objetivo de levá-los novamente para a civilização.

E agora? Aceitar voltar cada um para seus destinos ou continuar vivendo isolados, mas felizes e sem compromisso algum com o mundo?

Seria o Grêmio esse náufrago? Inicialmente em crise antes mesmo de o Brasileirão começar, após uma vitória na estréia sua sorte começou a mudar. Depois de muito tempo vivendo em estado de graça, surge a concorrência tentando tirá-lo de seu lugar – o de protagonista –, pensando em devolvê-lo para onde normalmente ele sempre viveu, como mero coadjuvante em um Brasileirão de pontos corridos. Aceitar em ficar onde está depende única e exclusivamente dele e de suas forças...

11 setembro 2008

A unanimidade é burra?

Reza a lenda que toda unanimidade é burra. Não cabe a mim definir se quem disse essa frase tem razão ou não, mas a verdade é que nem mesmo Jesus Cristo consegue ser unanimidade até os dias de hoje. Imaginem, então, se falarmos sobre Seleção Brasileira.

Façamos um resumo dos últimos acontecimentos. Perdemos a disputa pelo ouro olímpico quando fomos eliminados pela rival Argentina na semifinal da competição. Em seguida, pelas Eliminatórias, goleamos o Chile dentro de Santiago, onde não é todo o dia que se consegue um feito assim. Na seqüência, vimos um verdadeiro vexame ao não conseguirmos vencer a Bolívia jogando aqui, adversário que jogou um bom tempo com um atleta a menos.

Mas o que a unanimidade tem a ver com tudo isso? Simplesmente nos comentários. Na Olimpíada estava tudo péssimo, ninguém prestava, todo mundo era mercenário, mascarado e sei lá mais o quê. De repente, diante do Chile, voltamos a ter uma zaga excelente, um time cheio de pegada, vergonha na cara e muitos começaram a achar que logo retomaríamos o antigo trio “vencer, golear e encantar”. Em seguida, após o fracassado empate contra a Bolívia, voltamos ao “ninguém presta, mercenários” e assim por diante.

A realidade é que temos um material humano excelente. Poucas seleções têm em seus atletas um DNA tão forte no que se refere a futebol como o Brasil. É lógico que apenas isso não basta para chegarmos a conquistas importantes, pois devem ser somados outros fatores como esquema tático eficiente, preparo físico, raça e doação por parte de cada jogador.

É chato quando se muda de opinião de acordo como vai o vento. E não cito ninguém em específico, mas todos os brasileiros que têm um pouquinho de treinador em cada um de si. Seria interessante a defesa de um ponto de vista, deixando a unanimidade de lado. Até porque, sabemos, não existe unanimidade no futebol, seja no sentido positivo ou negativo.

04 setembro 2008

Quando o cidadão desanima

Na semana que passou, um amigo veio com essa:

– Escreve lá na tua coluna que ganho R$ 800,00 por mês e minha esposa ganha um salário e meio. No total, nossa renda média mensal é de R$ 1.400,00 e que, além disso, temos 2 filhos.

– Bom, na coluna eu escrevo sobre futebol, mas se você me explicar melhor... – disse eu.

E ele continuou:

– Com esses R$ 1.400,00 mensais nós conseguimos administrar, mesmo que aos trancos e barrancos, nossas contas rigorosamente em dia. Temos um carro, popular, mas que quebra nosso galho. Meus filhos não passam fome, estudam e até conseguimos comprar um televisor novo, obviamente em parcelas. Ah, e escreva lá que nenhum profissional de motivação nos orienta para que diariamente tenhamos ânimo para continuar batalhando. A própria vida se encarrega disso.

– Mas e o que tudo isso tem a ver com futebol? – indaguei, ainda sem entender.

– Simples. Não ganhamos R$ 50 mil, 100 mil por mês, não temos regalias como jogadores de futebol, não temos nossa saúde constantemente sendo avaliada por diversos profissionais a fim de que estejamos sempre 100%. Não possuímos um importado carro do ano e, como se não bastasse, não existe um motivador que venha nos falar coisas bonitas.

E numa mistura de desânimo e realismo, complementou:

– Como pode os jogadores ter toda essa mordomia, um contra-chques gordo e ainda precisarem de motivação para entrar em campo e em várias vezes não conseguir dispor de um pingo de vontade?

Fiquei momentaneamente sem resposta, mas prometi – e estou cumprindo – que iria expor sua reclamação neste espaço. Sua e de muitos brasileiros.