31 julho 2008

A corrida do ovo

Uma de minhas maiores diversões na escola era quando havia gincana. Eu era fanático – por que não dizer viciado – por gincana. Quando a data de uma gincana era definida, começávamos o planejamento, estratégias, enfim. Gincana era adrenalina pura.

Lembro de uma gincana que a escola promoveu entre estudantes da 1ª à 4ª séries. Na época eu estudava na 2ª série e nos sentíamos inferiorizados pelos “marmanjos” das séries maiores. Mas fomos à “guerra” com eles, confiantes em pelo menos fazer bonito, mesmo que não ganhássemos.

As tarefas foram entregues com antecedência e cabia a mim a última delas, que seria disputar uma corrida com um ovo em uma colher, não podendo deixar que ele caísse. Torci muito para que a gincana estivesse definida até essa prova, pois a pressão ficaria toda nos meus ombros. Como uma penalidade a ser cobrada aos 45 do segundo tempo, entendem?

Estávamos praticamente empatados com o pessoal da 4ª série até a prova derradeira. A “corrida do ovo” definiria o vencedor da gincana. Dada a largada, comecei com uma tremedeira na mão, a qual logo normalizou. Não lembro bem, mas estava na quarta colocação da corrida, enquanto que o “marmanjo” da 4ª série disparou. E foi então que melhorei o desempenho e me aproximei do líder – eram duas voltas ao redor da praçinha. Para resumir a história, acabei em segundo lugar, chegando praticamente junto com o vencedor, os então prevalecidos da gincana.

O Grêmio segue brilhante na “gincana do Brasileirão”. Já está há três rodadas na liderança da competição, encarando vários “marmanjos” de igual para igual. Poderá lá adiante não ser o vencedor, mas tem tudo para se manter entre a turma da Libertadores, talvez o objetivo menos difícil de ser alcançado na acirrada disputa pelo título.

25 julho 2008

Inveja do céu

Renato Russo tinha razão: “os bons morrem antes”.

Numa dessas armadilhas do destino, Luiz Fernando Bindi nos deixou aos 35 anos, vítima de infarto, na última terça-feira. Se existe (sim, existe, no presente mesmo) uma pessoa que posso dizer a vocês que “é o cara”, este é Bindão, pois assim o chamávamos.

Bindi residia na cidade de São Paulo, onde, entre tantos trabalhos, tinha seu programa na Rádio Bandeirantes, comentava jogos dos times da capital paulista nas mais diversas competições, era colaborador de vários sites, entre eles o de seu ídolo e amigo Milton Neves. Inclusive, no velório, Milton Neves falou bem alto, para todos ouvirem, que “Bindi era um ser humano que fazia as coisas com amor e que trabalhou muitas vezes praticamente de graça para elevar o nível do jornalismo e do comentário esportivo no Brasil, sempre conquistando a amizade de todos”.

Para que se tenha uma idéia da pessoa que Bindi era, se, por brincadeira, algum amigo telefonasse para ele de madrugada e perguntasse quanto seria a soma de dois mais dois, gentilmente ele diria “são quatro, caríssimo”. Aliás, a única pessoa no mundo que me chamou de “caríssimo” até hoje foi ele...

Quando lançou seu livro “Futebol é uma caixinha de surpresas”, no ano passado, colocou meu nome nos agradecimentos. Fui cobrá-lo sobre o porquê daquilo e ele, além de agradecer por alguns escudos de times de nossa região que o mandei para colaborar em seu site, me “respondeu” com um livro de presente. Esse era o Bindi. Assim era o Bindi. Um irmão que não tive.

Era torcedor fervoroso do Palmeiras, mas de imparcialidade extrema em seu trabalho. Mauro Beting descreveu Bindi como “daquelas pessoas que queriam o bem, que faziam o bem e que nos faziam bem”.

Siga com Deus, amigo. Espero que um dia possamos nos encontrar. E nesta oportunidade irei te cobrar por esse vazio que ficou.

É estranho, mas estou com inveja do céu. Lá a turma está contente. Bindi chegou.

23 julho 2008

BINDI ERA O CARA

Se tem uma pessoa que conheci (por telefone, MSN, e-mail) que poderia dizer "esse é o cara" foi Luiz Fernando Bindi, que numa das presepadas do destino, nos deixou nesta terça, vítima de infarto.

Ainda estou sem palavras e pouco me lixando sobre o que vai sair neste texto, mas não poderia deixar de descrever o que essa pessoa representou para mim: conhecimento, responsabilidade, honestidade, carinho, atenção, humor, entre outras milhões de qualidades que não estou conseguindo citar agora.

Valeu, Bindi... Agora você está ao lado de nosso bom Deus, em paz. Vamos sentir tua falta, como não poderia deixar de ser.

Um dia a gente se encontra e aquele prometido abraço ficará para essa data.

Aos familiares, minha solidariedade.

Para nós, amigos, o vazio que jamais será preenchido.

17 julho 2008

Sonho de consumo

Imagine a seguinte situação: você guarda dinheiro durante todo o ano para, em dezembro, comprar o sonhado televisor de 42 polegadas. Chega triunfante na loja e escuta do vendedor que o único televisor já havia sido reservado para o senhor Fulano de Tal, uma das pessoas de maior poder aquisitivo da cidade.

Você sai frustrado da loja, cabeça baixa, chutando o vento. Mas resolve voltar lá e investir no home theater que brilhava na vitrine. Seria fácil conectá-lo ao televisor de sua casa para fazer os vizinhos se apavorarem quando um filme estivesse sendo assistido. Mas o vendedor diz ser impossível, já que o mesmo Fulano de Tal também estaria adquirindo este bem.

Numa última tentativa de mandar a frustração às favas, sua atenção acaba se voltando para aquele sofá macio e gostoso, que numa incrível coincidência combinava perfeitamente com sua sala. O vendedor, já com pena de sua cara, informava que o senhor Fulano comprou, além do televisor e do home theater, aquele jogo de sofá para renovar sua sala de TV.

Mas e se a compra fosse em outra loja? Não resolveria o problema? Bom, aí depende do ego de cada um, principalmente no que se refere a você sentir-se valorizado em ter a preferência para adquirir determinado produto daquela loja, a de maior dificuldade, onde geralmente quem tem mais grana sempre acaba tendo preferência em tudo.

O Inter estava acertado com o zagueiro Miranda e, atravessando-se no negócio e com muito mais dinheiro, o São Paulo acabou levando. O Grêmio, fechado com Jorge Wagner, viu o meia escapar por entre seus dedos e parar no Tricolor Paulista. Richarlyson, que até mesmo exames médicos havia realizado no Palmeiras, apresentou-se no São Paulo no dia seguinte. E agora, pelo menos até o encerramento desse texto, o time paulista tentava se intrometer no negócio do Inter com o argentino D’Alessandro, conforme veiculado por diversos órgãos da imprensa esportiva.

No futebol é difícil competir com quem tem mais recursos financeiros. Você perde jogadores para o estrangeiro e, quando tenta repor, acaba vendo suas sonhadas contratações pararem no vizinho afortunado. Como diria o velho ditado, “quem pode mais, chora menos”.

10 julho 2008

Sobre a cara

Perguntaram a Tite se o Inter já estava tendo sua cara. A resposta do treinador foi que “o Inter está com a cara do Inter”.

Admiro sua humildade, mas é nítido que o time está, sim, com “a cara” de Tite, o qual motivou os jogadores, impôs seus métodos táticos e fez o clube subir na tabela, começando a brigar pelas primeiras posições. Qualidade para isso já existia. Faltava, porém, um empurrãozinho e algumas pitadas de confiança ao grupo, que já está respondendo positivamente.

Se conseguir no mínimo um empate fora de casa contra o Atlético-PR neste final de semana e, na quinta, vencer o Atlético-MG no Beira-Rio, o Colorado definitivamente se afirmará no Brasileirão.

A peça mais valiosa

No jogo de xadrez, a Rainha é a peça mais valiosa. Ela desliza por todos os lugares, em horizontal, vertical e diagonal, com absurda superioridade sobre todas as demais peças.

Se estiverem com suas Rainhas, os jogadores conseguem atuar de igual para igual, ficando o confronto totalmente equilibrado, até que alguma jogada possa desequilibrar a favor de alguém. Quando o jogador captura a Rainha de seu oponente, a tendência de uma vitória a seu favor aumenta de forma considerável. Aquele que perdeu a peça fica vulnerável e dificilmente escapa da derrota.

O xadrez também tem outras peças de poder, mas nenhuma igual à Rainha. As outras peças até conseguem “empurrar com a barriga” por algum tempo, mas a qualidade do jogo de quem perdeu sua “dama” diminui intensamente e a probabilidade do jogador “despencar” no tabuleiro é imensa.

A saída de Roger soou como uma bomba para o Grêmio, o qual precisava muito do talento do meia para o restante da temporada. Numa espécie de complemento, o Grêmio recuperou o bom futebol de Roger, o qual, em contrapartida, ajudava o clube com seu futebol diferenciado.

Capturaram a Rainha do jogo de xadrez do Tricolor. Resta, agora, usar outras peças como Tcheco e Souza, este recém contratado, para fazer com que o time continue podendo atuar de igual para igual com seus oponentes, com o objetivo de permanecer nos lugares mais altos da tabela do Campeonato Brasileiro.

03 julho 2008

Copo de leite resolve?

Quando você está com uma azia terrível e bebe um copo de leite gelado, ela acaba ou aumenta? Não sou médico e nem quero me aprofundar no assunto, mas conheço pessoas que dizem que a azia acaba e outras, que aumenta.

Imagine-se em casa, comendo uma porção de pasteizinhos. Digamos que você come meia dúzia dessa tentação. E no final, quem se apresenta? A maldita azia, representando que tem um felino arranhando seu estômago. Mas em casa não há nenhum sal de frutas ou algo parecido, ao mesmo tempo em que você lembra que já ouviu falar que um copo de leite gelado resolveria seu problema.

Alguns goles do leite e o que acontece? Você acaba “se salvando” desse irritante desconforto ou a azia piora a tal ponto de resolver chamar o corpo de bombeiros?

Sobre a penalidade de Renan em Rodrigo Mendes, minha opinião é só uma, a de respeitar o que colorados e gremistas pensam. Como um copo de leite no combate à azia: para uns resolve, para outros é totalmente ao contrário.