26 fevereiro 2009

"Escute" o livro

A novidade agora são os livros para ouvir. Já nem é mais tão recente assim, mas está na moda você poder “ouvir” um livro em CD enquanto dirige o carro, caminha, faz ginástica ou quando bem entender. Apesar de ser algo novo e que já vem conquistando mercado, não sou fã de livros para “ouvir”. Ainda prefiro o modelo antigo, os bons e velhos livros que aprendi a manusear desde meus tempos de pré-escolar com as inesquecíveis histórias infantis.

O livro de papel cabe na mochila, pode ficar na cabeceira da cama, na mesa de centro da sala ou até mesmo embaixo do braço. Ele não precisa estar acompanhado de um CD player, de um notebook ou de carregadores. O livro nos remete ao prazer da leitura e à gostosa sensação de folhear uma página, e mais uma, e outra, até chegar ao seu final.

A FIFA, uma das entidades mais conservadoras do mundo, estuda várias mudanças no futebol. Dentre as principais, cogita-se aumentar o tempo de 15 para 20 minutos nos intervalos dos jogos, aumentar de três para quatro as substituições por partida, além de instituir o cartão azul, fazendo com que o jogador, após ser excluído por alguns minutos, possa voltar ao jogo.

Conservador na questão dos livros, também não concordo com a maioria dessas mudanças. O tempo de intervalo poderia permanecer o mesmo, até por que, se vocês assistirem jogos de argentinos, eles sempre demoram bem mais que os minutos tradicionais e até hoje ninguém os puniu por causa disso. Também não aprovo a inclusão do cartão azul, visto que os critérios dos árbitros serão cada vez mais discutidos, além de que poderá aumentar consideravelmente a violência dentro de campo no momento da aplicação de um cartão vermelho, sendo este mostrado por uma falta bem mais violenta, por exemplo.

Sobre o aumento de substituições, acho interessante, ao mesmo tempo em que há anos sou a favor de dois tempos cronometrados de 30 minutos. Acabaria com as irritantes “matadas de tempo”, simulações de lesões, entre outras artimanhas. Entretanto, a FIFA não cogita mudar o tempo de jogo. Pelo menos não existe nenhuma indicação de que isso venha a ocorrer.

Dizem que, de forma geral, somos resistentes a mudanças, mas o negócio é se adaptar a elas, seja para melhor ou para pior. Pode ser um livro que você “escuta” na hora do almoço, como um cartão de cor diferente no futebol. E viva “la revolución!”.

19 fevereiro 2009

Sete potes de sorvete

Não lembro se já comentei com vocês, mas minha sobremesa predileta é o velho e ótimo sorvete. Não importa o sabor. Aqui, o que vier “morre”. Aliás, dizem que o sorvete foi criado pelos chineses há mais de três mil anos. Fica desde já meu agradecimento a eles.

Queria ter sempre um pote de sorvete na minha geladeira. Não faço isso por alguns motivos, como por exemplo a séria tendência de engordar. Além disso, tudo o que consumimos em excesso acaba se tornando prejudicial à saúde. Portanto, se você é viciado em sorvete com eu, “tire o pé do acelerador” e consuma moderadamente, ok?

Mas supondo que todo o parágrafo acima fosse ignorado, meu sonho de consumo, somado logicamente com minha gula, seria ter um pote de sorvete por dia para consumir. Já pensaram? No domingo um pote de morango, na segunda um pote de chocolate, na terça um bom e azedinho sorvete de maracujá e assim por diante. Que maravilha seria...

Estamos em 2009, ano do centenário do Inter e automaticamente do clássico Gre-Nal. Nada melhor do que homenagear um dos maiores clássicos de futebol do mundo com possíveis sete encontros. E de tão especial, até o interior do estado já foi premiado com uma partida. Ainda poderão ocorrer mais quatro jogos pelo atual Gauchão (um em cada mata-mata de fase, além de mais dois na grande final da competição). Somando-se a esses cinco, os dois que serão realizados no Brasileirão, sendo que um deles está marcado para o final de semana em que o clássico completa seu centenário. Exatamente “na bucha”.

Será excepcional se tivermos sete confrontos entre Grêmio e Inter na temporada em que o clássico comemora cem anos. A belíssima mistura das quatro cores dentro das quatro linhas e as paixões de duas torcidas enlouquecidas pelo sucesso de seu time juntamente com o fracasso do rival merecem tudo isso. E que tal um pote de sorvete para cada jogo que será acompanhado?

Desorganização

Caso for passando nos mata-matas até chegar na decisão da primeira fase do Gauchão, algo muito provável, é inadmissível que o Grêmio tenha que jogar quatro partidas em oito dias, três pelo Estadual e uma pela Libertadores.

Será que ninguém na Federação Gaúcha de Futebol lembrou disso quando formulou a tabela da competição? E não é por que esteja dando prioridade para a Libertadores que o clube não queira ser campeão gaúcho.

Lamentável essa desorganização de datas.

Vexame

Nem o torcedor mais fanático do União, de Rondonópolis, esperava tamanha façanha de seu time diante do Inter, ontem.

A pífia estreia colorada na Copa do Brasil tem justificativa, sim. Após o jogo não teve nenhum dirigente ou jogador que teve coragem de dizer o que todo mundo viu: falta geral de atitude para jogar bola e menosprezo ao adversário.

E para quem disse que foi tirada uma bela lição e que a derrota aconteceu no momento certo, não concordo, já que se compararmos a estrutura dos dois clubes, folha de pagamento e nível técnico dos jogadores, em hipótese alguma é tolerável perder para um time como o União.

16 fevereiro 2009

Ano de Centenário

Estamos no ano do centenário do Inter. É época que se deixa a torcida eufórica com milhões de possibilidades de tudo e, na hipótese das coisas não andarem bem, a crise entra rasgando.

Dos clubes brasileiros, o único que realmente teve sucesso em seu centenário foi o Vasco, que conquistou a Libertadores em 1998. Lembram do “melhor ataque do mundo” do Flamengo, em 1995, com Sávio, Romário e Edmundo? O clube trabalhou em um marketing de primeiro mundo e, dentro de campo, onde as coisas precisavam acontecer, nada.

E o Grêmio, em 2003? Depois de ser eliminado nas semifinais da Libertadores, caiu bruscamente no Brasileirão e só foi conseguir se livrar do rebaixamento na última rodada. Os reflexos desta péssima campanha foram nítidos no ano seguinte e, totalmente desestruturado e com um planejamento pífio, acabou sendo rebaixado. Até mesmo o marketing do Tricolor foi fraco no ano de seu centenário. Os torcedores mereciam bem mais do que efetivamente ocorreu.

O caso mais recente de fracasso no ano do centenário foi do Atlético-MG, em 2008. Falta de dinheiro e de planejamento somaram-se a uma má administração e o time, além de ser goleado pelo maior rival na final do campeonato estadual, perdeu os dois clássicos no Brasileirão, teve seu presidente renunciando ao cargo por sofrer ameaças de morte e o clube acabou se contentando com uma posição medíocre no Brasileirão.

A direção do Inter tem algumas vantagens para não errar em um ano que todos consideram especial: possui planejamento e estrutura, o marketing trabalha a dois anos visando aproveitar da melhor maneira todos os instantes dessa comemoração e, principalmente, pode olhar para trás para não repetir os erros de vários clubes, que estiveram afoitos ao querer abraçar a tudo, quando se pode priorizar uma competição importante (exemplo, o Brasileirão), fechando o ano com uma conquista “pesada”.

O centenário, exceto o marketing, é um ano futebolístico como qualquer outro. Não se pode fazer com que os torcedores criem ilusões, achando que um ano considerado especial será 100% positivo, até por que os adversários vão querer ser as “ovelhas negras” de tanta festa. A história de quem chorou ao invés de comemorar fala por si. O primeiro passo para um ano assim é evitar frustrações para a torcida. Quanto menos promessas, melhor.

12 fevereiro 2009

Jogos de luxo

Finalmente começamos a assistir jogos de luxo entre seleções, como os que ocorreram durante a semana.

Brasil e Itália, França e Argentina, Espanha e Inglaterra, enfim. Chega de amistosos contra seleções inexpressivas.

O que queremos ver mesmo é “briga de cachorro grande”.

Noites perfeitas

Na terça-feira pela manhã perguntei para minha esposa sobre como seria uma noite perfeita para ela. A resposta veio em duas partes: a primeira, um cruzeiro em alto-mar com um show do Roberto Carlos; a segunda, um bom chocolate quente ao lado de uma lareira no inverno da serra gaúcha. Em ambas as opções, disse ela, em minha companhia. Menos mal...

Falei para ela que nas próximas três noites eu teria meus momentos perfeitos. Sua resposta, certeira, por sinal, veio com três palavras: futebol na TV.

Na terça-feira iniciei a programação perfeita com o amistoso entre Brasil e Itália. Logo depois, acompanhei duas partidas em sequência pela Libertadores, entre elas o confronto de dois adversários do Grêmio.

Cheguei em casa no final de tarde da quarta-feira e de cara me deliciei com o amistoso entre França e Argentina. Encerrada a partida, acompanhei o segundo tempo de Espanha e Inglaterra. Quando findou mais esse jogo, ainda deu tempo de acompanhar quase trinta minutos de São Luiz e Brasil, pelo Gauchão. Numa pausa de trinta minutos antes que começasse Ypiranga e Inter, arrumei um tempinho para um banho e um lanche rápido, afinal, somente futebol não enche a barriga e higiene sempre é bom, não é mesmo?

Na quinta-feira a programação também foi cheia. Acompanhei Grêmio e Juventude e, finalizada a partida, dei uma espiada no jogo do River Plate, também pela Libertadores. Em seguida, mãos à obra para o computador para escrever esta coluna para vocês. Ao fundo, o som de Led Zeppelin me acompanhava.

Minha esposa quase surtou, mas nada como um aparelho de televisão no quarto para que as novelas também pudessem ser aproveitadas por ela nesses dias de intenso futebol. Pelo menos por enquanto, vou ficar devendo as noites perfeitas que ela sonha. Talvez egoísta, vou aproveitando as minhas. Bem mais baratas e reais, é claro...

06 fevereiro 2009

Sempre vale muito

“Esse Gre-Nal vale é nada”, disse um amigo na última quinta-feira. Foi o estopim para iniciarmos uma séria discussão futebolística, logicamente na mais perfeita harmonia. Nunca concordei que Gre-Nal nada vale e até hoje ninguém conseguiu me convencer do contrário.

Se o próximo Gre-Nal realmente não tem nenhuma hipótese de vale algo, por que os treinadores fizeram treinos secretos? E por que os dois times atuaram na rodada de meio de semana com times reservas ou mistos? Mais uma pergunta: Por que praticamente todos os ingressos para o jogo deste domingo foram vendidos antecipadamente? Pois é...

Gre-Nal sempre vale. Pode ser clássico de par-ou-ímpar, pode ser uma tradicional “pelada” entre amigos de um bairro ou cidade, pode ser no futebol de mesa, pode ser até Gre-Nal de vôlei entre mulheres. Quando se pensa na rivalidade, na chance de ficar um bom tempo zoando com os amigos rivais e influenciando diretamente no humor do dia seguinte para quem gosta de futebol, não temos como pensar que Gre-Nal nada vale.

A vitória no jogo deste domingo vale, além dos tradicionais três pontos, um salto de motivação para o início de temporada de Grêmio e Inter. Também vale no aumento das compras de materiais esportivos por parte dos torcedores, já aproveitando que ambos estão de roupas novas. Enfim, vale se sobressair mais uma vez diante do maior rival, vale para um possível estreante em clássico deixar seu nome marcado e, acima de tudo e de todos, vale a tradição.

Por isso, quando alguém disser que um Gre-Nal nada vale, que hajam argumentos convincentes, já que tamanha afirmação só pode ser dita por alguém que não conhece como as coisas funcionam aqui pelos nossos pagos.