Na semana que passou, um amigo veio com essa:
– Escreve lá na tua coluna que ganho R$ 800,00 por mês e minha esposa ganha um salário e meio. No total, nossa renda média mensal é de R$ 1.400,00 e que, além disso, temos 2 filhos.
– Bom, na coluna eu escrevo sobre futebol, mas se você me explicar melhor... – disse eu.
E ele continuou:
– Com esses R$ 1.400,00 mensais nós conseguimos administrar, mesmo que aos trancos e barrancos, nossas contas rigorosamente em dia. Temos um carro, popular, mas que quebra nosso galho. Meus filhos não passam fome, estudam e até conseguimos comprar um televisor novo, obviamente em parcelas. Ah, e escreva lá que nenhum profissional de motivação nos orienta para que diariamente tenhamos ânimo para continuar batalhando. A própria vida se encarrega disso.
– Mas e o que tudo isso tem a ver com futebol? – indaguei, ainda sem entender.
– Simples. Não ganhamos R$ 50 mil, 100 mil por mês, não temos regalias como jogadores de futebol, não temos nossa saúde constantemente sendo avaliada por diversos profissionais a fim de que estejamos sempre 100%. Não possuímos um importado carro do ano e, como se não bastasse, não existe um motivador que venha nos falar coisas bonitas.
E numa mistura de desânimo e realismo, complementou:
– Como pode os jogadores ter toda essa mordomia, um contra-chques gordo e ainda precisarem de motivação para entrar em campo e em várias vezes não conseguir dispor de um pingo de vontade?
Fiquei momentaneamente sem resposta, mas prometi – e estou cumprindo – que iria expor sua reclamação neste espaço. Sua e de muitos brasileiros.
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