Estamos no ano do centenário do Inter. É época que se deixa a torcida eufórica com milhões de possibilidades de tudo e, na hipótese das coisas não andarem bem, a crise entra rasgando.
Dos clubes brasileiros, o único que realmente teve sucesso em seu centenário foi o Vasco, que conquistou a Libertadores em 1998. Lembram do “melhor ataque do mundo” do Flamengo, em 1995, com Sávio, Romário e Edmundo? O clube trabalhou em um marketing de primeiro mundo e, dentro de campo, onde as coisas precisavam acontecer, nada.
E o Grêmio, em 2003? Depois de ser eliminado nas semifinais da Libertadores, caiu bruscamente no Brasileirão e só foi conseguir se livrar do rebaixamento na última rodada. Os reflexos desta péssima campanha foram nítidos no ano seguinte e, totalmente desestruturado e com um planejamento pífio, acabou sendo rebaixado. Até mesmo o marketing do Tricolor foi fraco no ano de seu centenário. Os torcedores mereciam bem mais do que efetivamente ocorreu.
O caso mais recente de fracasso no ano do centenário foi do Atlético-MG, em 2008. Falta de dinheiro e de planejamento somaram-se a uma má administração e o time, além de ser goleado pelo maior rival na final do campeonato estadual, perdeu os dois clássicos no Brasileirão, teve seu presidente renunciando ao cargo por sofrer ameaças de morte e o clube acabou se contentando com uma posição medíocre no Brasileirão.
A direção do Inter tem algumas vantagens para não errar em um ano que todos consideram especial: possui planejamento e estrutura, o marketing trabalha a dois anos visando aproveitar da melhor maneira todos os instantes dessa comemoração e, principalmente, pode olhar para trás para não repetir os erros de vários clubes, que estiveram afoitos ao querer abraçar a tudo, quando se pode priorizar uma competição importante (exemplo, o Brasileirão), fechando o ano com uma conquista “pesada”.
O centenário, exceto o marketing, é um ano futebolístico como qualquer outro. Não se pode fazer com que os torcedores criem ilusões, achando que um ano considerado especial será 100% positivo, até por que os adversários vão querer ser as “ovelhas negras” de tanta festa. A história de quem chorou ao invés de comemorar fala por si. O primeiro passo para um ano assim é evitar frustrações para a torcida. Quanto menos promessas, melhor.
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