17 julho 2008

Sonho de consumo

Imagine a seguinte situação: você guarda dinheiro durante todo o ano para, em dezembro, comprar o sonhado televisor de 42 polegadas. Chega triunfante na loja e escuta do vendedor que o único televisor já havia sido reservado para o senhor Fulano de Tal, uma das pessoas de maior poder aquisitivo da cidade.

Você sai frustrado da loja, cabeça baixa, chutando o vento. Mas resolve voltar lá e investir no home theater que brilhava na vitrine. Seria fácil conectá-lo ao televisor de sua casa para fazer os vizinhos se apavorarem quando um filme estivesse sendo assistido. Mas o vendedor diz ser impossível, já que o mesmo Fulano de Tal também estaria adquirindo este bem.

Numa última tentativa de mandar a frustração às favas, sua atenção acaba se voltando para aquele sofá macio e gostoso, que numa incrível coincidência combinava perfeitamente com sua sala. O vendedor, já com pena de sua cara, informava que o senhor Fulano comprou, além do televisor e do home theater, aquele jogo de sofá para renovar sua sala de TV.

Mas e se a compra fosse em outra loja? Não resolveria o problema? Bom, aí depende do ego de cada um, principalmente no que se refere a você sentir-se valorizado em ter a preferência para adquirir determinado produto daquela loja, a de maior dificuldade, onde geralmente quem tem mais grana sempre acaba tendo preferência em tudo.

O Inter estava acertado com o zagueiro Miranda e, atravessando-se no negócio e com muito mais dinheiro, o São Paulo acabou levando. O Grêmio, fechado com Jorge Wagner, viu o meia escapar por entre seus dedos e parar no Tricolor Paulista. Richarlyson, que até mesmo exames médicos havia realizado no Palmeiras, apresentou-se no São Paulo no dia seguinte. E agora, pelo menos até o encerramento desse texto, o time paulista tentava se intrometer no negócio do Inter com o argentino D’Alessandro, conforme veiculado por diversos órgãos da imprensa esportiva.

No futebol é difícil competir com quem tem mais recursos financeiros. Você perde jogadores para o estrangeiro e, quando tenta repor, acaba vendo suas sonhadas contratações pararem no vizinho afortunado. Como diria o velho ditado, “quem pode mais, chora menos”.

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